domingo, 19 de abril de 2009

Fragmentos de ideias....

Uma réstia de luz a fez acordar, que luz era aquela? Pensou entre o sono e o despertar. Com muito esforço abriu os olhos lentamente, na verdade só tinha forças para um deles, que foi o suficiente para poder ver, um pequeno furo na cortina branca. Um furo fora o responsável por tirar Zoé de seus sonhos intermináveis e seguros.
Já que tinha acordado:
-Que se faça a luz. Falou alto profetizando e sentando na cama.
Reclinou nos travesseiros, puxou as cobertas para debaixo do queixo e ficou olhando o furo por onde o feixe de luz teimava em entrar.
Olhou para o quarto, que não era pequeno, na verdade era do tamanho ideal, todo branco com toques de rosa. Tinha gasto uma pequena fortuna com a decoração e com o decorador.
Lembrou do dia em que o decorador entrou no quarto vazio e falou:
-Vou transformar esse lixo em luxo, linda. Não sabia o porquê mas ele entendia o espírito feminino e realmente em troca de uma pequena fortuna, tinha transformado aquele quarto vazio em um espetáculo.
Olhou para o furo outra vez e ainda profetizando apesar daquele não ser seu estilo.
-Acho que aquela cortina está como minha vida, rota. Falou para si mesma apontando para o furo.
Continuou na cama por mais uma hora, só pensando. Era véspera de natal. A neve já cobria tudo de branco, apesar do frio o sol brilhava lá fora, sol de inverno, brilhante, por isso a luz a acordou.

Cambaleou até a cozinha, a claridade viva do sol batendo na neve, ofuscou seu olhos, desviou olhar das enormes janelas da cozinha, queria saber o idiota que tinha feito janelas tão grandes. Ela mesma, pensou, realmente era uma idiota.
A cafeteira automática já havia preparado o café, encheu até a boca da caneca, naquela manhã precisava de uma dose extra de cafeína. Seu corpo todo doía, parecia que um tratorzinho tinha passado sobre ele, com requintes de crueldade. Maltratando bem cada parte.
Sentou-se no chão frio, para se esconder da claridade, se perguntava se havia se transformado em vampira durante a noite. Só podia ser, tamanha era sua aversão a claridade.
Mas logo se lembrou da noite anterior, a demissão, a falta de respeito dos colegas de trabalho, os quais tinha ajudado tanto nos longos anos de firma.

Café quente, a primeira providência do dia, só ele para ajudar a digerir os pensamentos indesejáveis.
Deve ter permanecido no chão frio por muito tempo, pois quando levantou não sentia nada da cintura para baixo. Além de vampira, estava paraplégica. Riu da sua morbidez, só rindo, senão acabaria louca.

Voltou ao quarto com dificuldade,tinha a sensação de mil formigas caminhando por suas pernas, precisou de um tempo para a sensação passar.

Banho, segunda providência do dia, lavar o corpo e a alma.
A água quente desceu por seu corpo, exorcizando os fantasmas da dor, angústia e desamparo.

7 comentários:

Alfredo Rangel disse...

Uma cena da vida. Uma manhã onde tudo parecia conspirar contra ela. A favor, e prevalecendo, só sua coragem e um banho bem quente. Maravilhoso. Notável. Parabéns.
Também virei fã. Vou te linkar no almatua
beijo

Chris disse...

Que texto bacana, tao cheio de imagens, realidades e como o proprio nome do blog, cotidiano mesmo!! rsrs
Adorei o novo layout.

bjao

DOIDINHA DA SILVA disse...

Seu blog é bem versátil...
Fiquei com vontade de assistir a peça....Adorei seu texto..

Blog Dri Viaro disse...

passando aqui pra conhecer ;)
bjs

Nina disse...

Ahh concordo!! café deve ser a primeira proividencia do dia. Só me sinto de fato acordada depois dos meu cafe com leite quentinho :)
hmmmmm

Anônimo disse...

Muito real e cotidiano esse texto...
Tenha uma boa semana!
Bjos,
Paulinha

Dione disse...

Passei por aqui para te deixar um beijinho...